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Ditadura Militar gerou a violência no Brasil que vemos hoje

Você certamente já deve ter escutado que no tempo da Ditadura o país pelo menos era mais seguro. O que não te falam é que a base da violência que existe atualmente foi gerada na Ditadura. 

A violência antes da Ditadura


Antes de tudo é importante desfazer esse mito de Ditadura e segurança. Primeiro porque a base de comparação não deve ser o que era na Ditadura e o que existe hoje, e sim como era o Brasil antes do Golpe Militar em questão de violência, como ficou durante e como ficou depois.

Afinal, se o país até os anos 60 já era mais seguro que hoje, então não foi a Ditadura em 64 que trouxe segurança.  


Segundo que vem o grande problema de uma Ditadura que é o abafamento de notícias. Desta forma, casos de assaltos e homicídios eram rapidamente escondidos por parte do Governo Militar, para dar uma percepção de que está tudo funcionamento bem. 


Mas na prática não era bem assim. Entre 1920 e 1960, São Paulo, por exemplo, tinha uma taxa de homicídios de apenas 5 mortes a cada 100 mil habitantes.


Já em 1968, ou seja, com 4 anos de Ditadura, essa taxa saltou para 10,4 mortos por 100 mil habitantes. Portanto, dobrou já no começo da Ditadura. Em 1985, no último ano da Ditadura, a taxa de homicídios em São Paulo, dispara para 36,9 para cada 100 mil habitantes. 


Violência e Ditadura

Confira tudo do Golpe de 64 e a Ditadura Militar


Facções e milícias surgem com a Ditadura


Mas ainda assim, o foco não é taxa dos anos 60 e 70. E sim, como o Governo Militar contribuiu para o crescimento que viria na sequência até os dias de hoje. 

Para começar, a primeira e uma das maiores facções do crime organizado no Brasil surgiu em plena Ditadura Militar. O Comando Vermelho foi criado em 1979, no presídio Cândido Mendes. 


Na ocasião, os presos se organizaram para receberem melhores condições durante o cumprimento de pena. Paralelo a isso, a facção começou a se estruturar também do lado de fora e encontrou caminho através do tráfico de drogas. 


A expansão do tráfico, principalmente da cocaína, acontece durante a Ditadura Militar. Foi no começo dos anos 80, que o Comando Vermelho criou toda a rota para a importação da droga para o país e para a exportação para a Europa. 


Foi também durante a Ditadura que os bandidos passaram a ter armamento mais pesado. Até os anos 60, as armas em poder dos bandidos eram apenas de pequeno calibre. Foi nesta virada dos anos 70 para 80, que começaram a aparecer bandidos armados com fuzis. 


Também durante o regime militar que armamentos de uso exclusivo de forças armadas começaram a sumir dos quartéis e parar nas mãos de traficantes.

 

Além disso, ainda no final da ditadura que o tráfico adotou o modelo de domínio territorial no Rio. Algo que foi expandido para outros Estados. 

Só que as consequências não param por aí. Foi no período da ditadura que surgiram os primeiros grupos de extermínio. Pessoas que prometiam limpar a bandidagem da região. 


Segundo diversos pesquisadores, como Bruno Paes, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, locais que ocorria um extermínio, ficava era mais perigoso.

Um homicídio era respondido com outro. E a resolução de conflitos com trocas de tiros passavam a ser cada vez mais comuns. Algo que se espalhava pelas regiões próximas. Ou seja, naturalizou-se a troca de tiro que até antes do golpe militar não ocorria no Brasil. 


Logo após a ditadura, muitos desses grupos de extermínio passaram a ter controle de regiões, dando origem das milícias que vemos hoje.

Tem ainda a herança negativa das PMs pelo Brasil, que passaram a fazer patrulhamento ostensivo em periferias, gerando dezenas de mortos.


Foi com o resquício dessa cultura, por exemplo, que ocorreu a chacina no Carandiru, com ordens de PMs criados nos tempos da ditadura. A chacina foi uma das responsáveis pelo surgimento do PCC, outra facção criminosa de grandes domínios no Brasil. 


E para não falar do golpismo. A ditadura também produziu uma ala militar que flerta com o golpismo até os dias de hoje, como foi visto em 2022. Generais como Braga Netto, Villas Boas e Augusto Heleno, que têm seus nomes ligados ao planejamento do golpe em 2022, tiveram formação durante a Ditadura.


Portanto, a Ditadura tomou um país que era seguro, tornou esse país violento e germinou esse país tomado pelo tráfico e milícias nos dias de hoje, que era quase inexistente até os anos 50.




https://averdade.org.br/2023/09/a-heranca-da-ditadura-militar-na-pm-do-rio-de-janeiro/#:~:text=Chacinas%2C%20tortura%2C%20tratamentos%20desumanos%20e,ficaram%20da%20ditadura%20na%20pol%C3%ADcia.


https://www.intercept.com.br/2019/07/07/dossies-politicos-trafico-ditadura-ms/


https://periodicos.ufes.br/simbiotica/article/download/11726/8423/31057


https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2020/06/28/foi-na-ditadura-militar-que-fuzis-comecaram-a-ser-desviados-para-o-trafico.htm


https://super.abril.com.br/historia/mito-na-ditadura-militar-as-cidades-nao-eram-violentas/


https://eesp.fgv.br/noticia/o-regime-militar-nao-foi-bom-para-o-brasil


https://www.terra.com.br/noticias/brasil/o-brasil-dos-tempos-do-regime-militar,679791574b4ea6fdac3e602d1d3238a0lr043b62.html