Confira a trajetória política de Luís Inácio Lula da Silva
Trajetória de Lula até 1989
Luís Inácio Lula da Silva. Um nome que praticamente não tem
meio termo. Uma parte da população o idolatra e pretende o tornar Presidente do
Brasil pela terceira vez. Já uma outra parte, vai se unir para fazer com que
ele seja derrotado nas urnas pela quarta vez. Mas, você, especialmente quem tem
entre 16 e 24 anos e que nasceu dentro do Governo petista ou era criança para
entender exatamente tudo o que acontece, sabe quem é Lula ou apenas repete o
que você escuta as outras pessoas falarem?
Seja qual for a sua resposta, fica comigo para conhecer a
trajetória de Lula, nesta série de três episódios que vou contar com base em
estatísticas, notícias e o cenário político quem foi Luís Inácio e convido a
você para comentar o que você acha dele.
A história de Lula
A história de Lula é muito grande. Ele foi operário,
sindicalista, candidato a Presidência em cinco oportunidades, Presidente em
duas, preso duas vezes também. Então, logo não dá para contar tudo isso em um
episódio sem que fique maçante ou que acaba deixando questões importantes de
fora. E para quem não sabe o objetivo do Outro Lado da História nunca é fazer
um filme de 1 hora sobre algum personagem ou assunto.
Por isso, dividimos a história de Lula em três partes,
seguindo a ordem cronológica.
Retirante nordestino
Claro começamos a história pela infância.
Lula. Nasceu em 27 de outubro de 1945, em Caetés, que até então era distrito de
Garanhuns. Ele era o sétimo de oito filhos de Aristides Inácio da Silva e
Eurídice Ferreira de Mello. Para fugir
da fome, a família recorreu ao que muitas outras faziam na época, e se mudaram
para São Paulo em 1952, viajando de caminhão o que levava 13 dias.
Primeiramente ficaram em um bairro pobre do Guarujá, onde Lula foi alfabetizado
e dois anos depois foram para a cidade de São Paulo, no bairro do Ipiranga.
Trabalho como metalúrgico e acidente
Lula então arruma o primeiro emprego com 12 anos, em uma
tinturaria. Depois anos depois teve a carteira assinada pela primeira vez ao
trabalhar nos Armazéns Gerais Columbia. Depois foi para a Fábrica de Parafusos
Martes e neste mesmo período fez o curso de torneiro mecânico do Senai. Depois
de 3 anos de curso, Lula tornava-se metalúrgico.
Ele então passou por diversas fábricas, até se estabelecer
na Indústrias Villares, que era uma das principais metalúrgicas do país e
ficava em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Sindicato
Através do irmão, Frei Chico ele foi conhecendo melhor como
funcionava movimento sindical. Em 1969, ele então participa da eleição da nova
diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, e
fica como suplente. Três anos depois tornou-se primeiro secretário e em 1975
virava Presidente do Sindicato, com 92% dos votos e passando a representar 100
mil trabalhadores.
Prisão e perda da mãe
No final da década de 70 então surge o movimento
grevista, que tem em Lula um dos líderes. A campanha por melhores condições
de trabalho e reajuste salarial que sofria com o arrocho promovido pela
Ditadura que fazia com que os trabalhadores tivessem menor poder de compra,
juntava milhares de pessoas.
Foi nesta ocasião que Lula então foi preso
pela primeira vez, em 19 de abril de 1980, sendo levado para o DOPS, onde ficou
por 31 dias. Os militares acreditavam que com a prisão do líder sindicalista as
greves se encerrariam.
Porém, a estratégia não deu certo e os trabalhadores seguiram
em apoio a Lula, que chegou a ser sentenciado a dois anos e seis meses de
prisão, mas teve a condenação anulada pelo Superior Tribunal Militar.
Partido dos trabalhadores
Depois de sair da prisão e com o início do processo de
redemocratização do Brasil, Lula então atua na fundação do Partido dos
trabalhadores em 1980, junto com outros sindicalistas, movimentos sociais,
lideranças políticas e sociais.
Em 1982, participa da eleição para Governador de São Paulo,
mas termina na 4ª posição, com 10,77%, atrás de Franco Montoro (PMDB), Reynaldo
de Barros (PDS) e Jânio Quadros (PTB).
Em 1984 foi peça atuante da campanha das “diretas-já”, que
pediam eleições diretas para a Presidência da República.
E em 1986, foi eleito deputado federal mais votado do país,
para a Assembléia Constituinte.
Lula então participou de todos os debates na elaboração da
Constituição de 1988, porém, não aprovou o texto final. A alegação dele foi que
apesar de reconhecer que a Constituição trazia avanços na área social, o resultado
ficava ainda abaixo das necessidades dos trabalhadores.
Depois disso, Lula então é escolhido para disputar a eleição
de 1989 pelo Partido dos Trabalhadores. Mas isso eu falarei no 2º episódio
sobre Luis Inácio Lula da Silva. Mas e aí, comenta o que você achava da
trajetória de Lula.
Disputas para Presidente + 1º mandato
Você já conferiu na 1ª parte toda a trajetória de Lula até
1989, quando foi candidato a Presidência do Brasil pelo Partido dos trabalhadores.
Agora você vai saber como foram as candidaturas de Lula em 89, 94, 98 e 2002 e
imagino que nesta altura você já saiba que ele perdeu as três primeiras
disputas e só foi vencer na última. Mas o que mudou neste período. O que
contribuiu para que o candidato do PT chegasse a Presidência? E o que ele fez
no 1º mandato? Tudo isso você vai saber agora.
Eleições 1989
Depois de 29 anos, o Brasil finalmente escolheria um
Presidente do Brasil. Era a festa da Democracia, com direito a 22 políticos
disputando o cargo mais importante do país. Além de Lula e Collor, tínhamos
muitos outros nomes famosos, como Leonel Brizola, Fernando Gabeira, Enéas
Carneiro, Mário Covas, Paulo Maluf, Ulysses Guimarães entre outros.
Lula acaba vencendo o duelo particular com Brizola e fica na
2ª posição, com 17,18%, indo para o 2º turno com Collor. O candidato do PRN já
aparecia disparado nas pesquisas próximas a eleição, restando a Lula, Brizola,
Covas e Maluf, estes dois mais atrás, disputarem qual seria o concorrente.
Com isso tinham pouco mais de um mês para convencerem o
eleitorado para ver quem chegava a 50%. Collor partia de 30%, enquanto Lula de
17%.
E aí vimos que a Democracia
não era exatamente o forte de alguns setores. Diversos canais de mídia passaram
a divulgar diversas especulações e até atuaram contra a candidatura de Lula.
Entre os casos mais absurdos estavam ligações do PT a um
grupo criminoso que sequestrou o empresário Abílio Diniz, e que só foi
desmentido depois da eleição, e também a manipulação no debate de 14 de
dezembro, semana da votação.
Somente 22 anos depois do debate, que Boni, um dos diretores
do Globo, assumiu
que fez toda a produção do Collor para o programa, com direito a colocar pastas
de acusações contra Lula, mas que estavam cheios de papéis em brancos. A
manipulação também foi feita na edição do Jornal Nacional do dia seguinte, que
privilegiava Collor.
O resultado foi vitória de Collor por 53,03% contra 46,97%.
Eleições 1994 e 1998
Lula então ainda disputaria as eleições de 1994 e 1998, mas
acabaria derrotado por Fernando Henrique, do PSDB. Nas duas ficou em 2º, mas
não conseguiu chegar ao 2º turno, mesmo tendo mais votos que na eleição de
1989.
Eleições 2002 e a Carta ao povo
Lula então consegue avaliar o que faltava para chegar a
Presidência. Muitos o viam como radical e então Lula foi alterando a imagem
para disputar em 2002. E entre as mudanças a mais impactante foi a chamada “carta
ao povo brasileiro”, que na verdade poderia ser encarada como uma carta ao
mercado financeiro, os empresários. Ele a divulgou em 22 de junho no qual
falava frases chaves como equilíbrio fiscal, controle das contas públicos e
outras coisas que costumam sempre ser repetidas pela grande imprensa.
Paralelo a isso, Lula escolheu um vice mais à direita. Se em
89 foi Bisol do PSB, em 94 foi Mercadante do próprio PT e em 98 foi Brizola do
PDT, em 2002 o escolhido era o empresário José Alencar, do PL.
Se isso ajudou ou não na vitória não dá para afirmar. O fato
é que Lula finalmente conseguiu a vitória. Teve 46,44% dos votos no primeiro
turno e depois expressivos 61,27% no segundo.
Além disso conseguiu ajudar a eleger 91 deputados do PT, o
melhor desempenho de um partido de esquerda até hoje.
Porém, apesar disso, não chegava sequer a 20% da Câmara.
1º mandato: Reforma da Previdência e Fome Zero
E aí começa o Governo e Lula tem que lidar com a Reforma da
Previdência e aí ele lida com a primeira medida mais ligada ao que estava Carta
para o mercado. A Previdência precisava ser ajustada desde os tempos de FHC e
foi feita ainda no primeiro ano de governo de Lula, que entre as mudanças
estava a exigência de 30 anos de contribuição para mulheres e 55 anos de idade
e 35 anos de contribuição para homens e 60 anos de idade para receber o valor
integral. Lembrando que já ocorreu uma nova Reforma agora no governo Bolsonaro
que piorou ainda mais isso.
Essa política fez com que alguns membros do partido, como
Chico Alencar, Luciana Genro, Heloísa Helena entre outros a se posicionarem
contra o PT. Com isso entre 2004 e 2005 ocorreram expulsões e desligamentos e
muitos deles também fundaram o PSOL.
Só que o primeiro ano de Lula não ficou marcado apenas por
isso. O Presidente colocou em ação a principal medida que havia prometido nas
campanhas que era acabar com a fome no país e para isso lançou o Fome Zero.
Para você ter uma dimensão. Quando Lula assumiu a
Presidência do Brasil, 44 milhões de brasileiros viviam com menos de 1 dolar
por dia, ou seja, viviam em situação de insegurança
alimentar.
Ou seja, não tinham a certeza se teriam algo para comer
durante o dia. Foram então uma série de programas lançados, como o Cartão
Alimentação, para possibilitar as famílias a comprar alimentos, o Programa de
Aquisição de Alimentos, que garantia compras públicas destinadas para a
agricultura familiar.
Em 2004, surge então o Bolsa Família, que é o maior programa
de transferência de renda do Mundo. Ele unia programas antigos, como Bolsa
Escola, criado por Fernando Henrique Cardoso, e o cartão alimentação. Só que
não se tratava apenas de uma unificação. O programa alcançava mais famílias,
saltando de 5 milhões de famílias para 12 milhões.
Mensalão
Porém, em 2005, estoura uma bomba. É revelado um escândalo
do pagamento de propina para alguns deputados em troca de apoio ao PT nas
propostas enviadas ao Congresso. O esquema foi revelado por Roberto Jefferson,
do Partido Trabalhista Brasileiro.
O esquema consistia em o Partido dos Trabalhadores repassar
dinheiro que o PT arrecadava de doações de empresas e faziam o pagamento mensal
para membros do PTB e PP principalmente.
No entanto não houve nenhuma acusação formal a Lula no caso
e o principal delator, Roberto Jefferson afirmou na ocasião que o Presidente
não sabia do esquema.
Principais resultados do governo
Ainda assim, o caso abalou a popularidade
do Governo Lula, que caiu de 59% para 50%.
Porém, Lula trazia em números alguns resultados expressivos.
Com exceção do primeiro ano, quando o país cresceu apenas 1,14%, em todos os
três anos seguintes subiu mais de 3% em cada, em especial em 2004, com 5,76%.
Mas o diferencial estava no impacto para a população e a
pobreza no Brasil caiu consideravelmente.
Quando Lula assumiu, 27,95% do Brasil não recebiam o
suficiente para comer. E o pior, o número basicamente não apresentava redução
desde 1995, tendo oscilado no máximo 2% para baixo entre 1995 e 1999, com
Fernando Henrique mas, ainda na gestão de FHC voltou a subir.
Já no primeiro mandato de Lula, a pobreza
caiu de 27,95% para 19,09%.
O país teve também uma redução no desemprego, de 12,4
milhões para 10 milhões. O dólar caiu de R$ 3,07 para R$ 2,17 e Lula usou como
cartaz também ter quitado a dívida com o FMI, evitando que o Fundo ficasse
interferindo nos rumos da economia brasileira.
Além disso, Lula trouxe o ganho real do salário mínimo, que
era a evolução salarial acima da inflação. Com isso, em quatro anos de mandato,
Lula aumentou o salário mínimo de R$ 200,00 para R$ 350,00.
Além disso ele desenvolveu o programa Luz para todos, levando
energia elétrica para 10 milhões de pessoas, e o Prouni, fornecendo bolsas para
jovens de baixa renda na Universidade, beneficiando 116 mil pessoas somente em
2005.
Entre outras Leis, como a que sancionou o ensino da história
afro-brasileira e da cultura africana nas escolas.
Isso tudo o manteve na liderança nas pesquisas e fez com que
fosse reeleito em 2006 no segundo turno, quando teve mais de 58 milhões de
votos. Até hoje a votação mais expressiva da história.
Reeleito, Lula teve novos desafios no segundo mandato e
também após deixar a Presidência. Saiba mais disso na terceira parte sobre Luis
Inácio Lula da Silva. Mas antes comenta aqui em baixo o que você achou do
primeiro mandato de Lula.
O 2º mandato de Lula + pós
Você já conferiu aqui no Canal como foi o começo da trajetória política de Lula, as eleições que disputou e agora chegamos a parte final. Como foi o segundo mandato de Luis Inácio Lula da Silva. Ele era aprovado pela população? Fez um bom governo? E o que ocorreu depois que deixou a Presidência? Porque foi preso? Tudo isso você vai saber agora.
O 2º mandato de Lula + pós
Você já conferiu aqui no Canal como foi o começo da
trajetória política de Lula, as eleições que disputou e agora chegamos a parte
final. Como foi o segundo mandato de Luis Inácio Lula da Silva. Ele era
aprovado pela população? Fez um bom governo? E o que ocorreu depois que deixou a
Presidência? Porque foi preso? Tudo isso você vai saber agora.
Série de três partes falando da trajetória de Lula |
Segundo governo Lula
O segundo mandato de Lula começa com o PAC
como carro-chefe, que significa Programa de Aceleração do Crescimento. Eram
projetos e obras de infraestrutura para diversos setores como rodovias,
aeroportos, portos, geração de energia entre outras coisas. No projeto inicial,
apresentado em janeiro de 2007 era um investimento de pouco mais de R$ 500
bilhões.
E desta forma, Lula pretendia fazer com que a economia
girasse, gerando emprego e garantindo que o PIB tivesse um crescimento anual de
5%.
Até o final do mandato, 46,1% das obras deum total de 2.483 projetos foram
concluídas.
Crise ou Marolinha?
E isso quase garantiu a promessa de Lula. Estimulado pelas
obras do PAC, o PIB
cresceu 6,07% em 2007, 5,09% em 2008, e 7,53% em 2010.
A única exceção foi em 2009, quando teve um recuo de -0,13%.
No entanto, esta queda foi reflexo da crise econômica gerada
pela bolha imobiliária nos Estados Unidos e que derrubou as principais economias
do Mundo.
Isso inclusive gerou a frase do Lula, que na ocasião afirmou
que a tsunami que atingia os Estados Unidos chegaria como uma marolinha no
Brasil. E isso meio que de fato ocorreu. Enquanto aqui foi queda de 0,13%, nos
Estados Unidos a queda foi de 2,5%
Números da economia e taxa de aprovação
Além do crescimento do PIB, Lula conduziu um segundo mandato
para fazer a pobreza no país segue caindo. Reduzindo de 19.09% da população
para 13,57%.
Já o salário mínimo cresceu
em termos reais, ou seja acima da inflação, 9% ao ano. Bem mais do que no
período de FHC, que foi de 5,3% e de 0% no Governo
Bolsonaro. Sim, não ocorreu um aumento real no salário durante os quatro
anos do Bolsonaro.
No segundo mandato o de Lula o salário
mínimo saltou de R$ 350,00 para R$ 510,00. Se for considerar os oito anos,
o salário mais do que dobrou, de R$ 200,00 para R$ 510,00.
Já a taxa de desemprego
era de 6,7%, a baixa da história até então. Quase metade
do que hoje, que é de 11,2%.
Só que neste caso o que mais chama a atenção é a criação de
vagas formais, ou seja, de carteiras assinadas. Somados os quatro anos do
segundo mandato, foram criados 6,58 milhões de empregos
formais. Considerando o primeiro mandato foi um total de 12,2 milhões.
Foi no segundo mandato de Lula também que começou a
exploração do Pré-sal, que havia sido descoberto no final do primeiro mandato.
Durante este período, ele apresentou programas e reformulou
outros, como o caso do FIES,
que já até existia durante o Governo Fernando Henrique, mas foi expandido, com
possibilidade de financiar até 100% do curso superior, que antes era de 50%, e
com redução na taxa de juros. Refomulou o ENEM, o tornando a principal porta de
entrada para o Ensino Superior, e inclusive com parcerias em Universidades do
exterior, e expandiu também o Prouni, que havia sido criado no final do mandato
e passou a conceber mais de 200 mil bolsas parciais e integrais a cada ano a
partir de 2009.
Indicação de Dilma
Com uma aprovação
de 87% no final do mandato, a maior de um Presidente até hoje, Lula escolheu
Dilma, que era seu braço direito nas obras no PAC, para ser a sua sucessora e
isso ocorreu, com Dilma eleita no segundo turno.
Só que apesar de boa parte da população considerar positivo
o Governo Lula, isso não o deixou imune as críticas, que eram muitas à direita
e à esquerda.
A direita, as principais acusações eram referentes a
corrupções, feitas através de distribuições de cargos, e o loteamento delas nas
estatais em troca de apoio.
E à esquerda a reclamação era que Lula fez um governo muito
à direita, ignorando algumas pautas tradicionais da esquerda, como reforma
agrária e taxação de grandes fortunas. Outro ponto muito criticado foi o apoio
do então Presidentes a programas operações policiais em carentes, assim como
também a Lei de Drogas, que teria ajudado a colocar mais pobres e pretos na
cadeia.
Palestras e Instituto Lula
Ao deixar o cargo, Lula cria o Instituto Lula e passa a dar
palestras pelo Mundo sobre o combate à fome. Uma prática similar a que muitos
outros Presidentes de destaque em outros países também fazem.
Câncer
Só que em outubro de 2011 ele descobre um câncer na laringe
e teve que parar para fazer tratamento.
Triplex e Operação Lava Jato
Alguns anos depois surgem as acusações do Triplex do Guarujá,
que aparecem primeiro em reportagens e depois em 15 de setembro de 2016, um mês
depois do Golpe em Dilma, em formato de Denúncia do Ministério Público do
Paraná.
O MP alegava que Lula havia recebido o apartamento em forma
de propina do OAS como parte de um acordo relacionada a Petrobras.
Em um processo rápido, que durou menos de 10 meses, Lula foi
condenado pelo juiz Sério Moro a 9 anos e seis meses de prisão.
Lula nomeado ministro
Pouco antes disso e inclusive do golpe, Lula havia sido
nomeado por Dilma como ministro da Casa Civil, para tentar impedir que o
processo de impeachment avançasse.
No entanto, em um manobra de Moro, uma escuta ilegal de uma
conversa entre Dilma e Lula foi vazada para a imprensa, que dava a impressão
que o cargo era uma forma de Lula ganhar foro privilegiado e não ser julgado
por Moro.
Porém, anos depois, com a Vaza Jato, que trouxe conversas
de Moro com os procuradores da Lava Jato, ficava claro que Lula era contrário a
aceitar o cargo e passou a semana realmente em dialogo com políticos para
evitar realmente a derrubada de Dilma.
Quanto ao processo, em sua alegação de defesa, Lula alegava
que jamais recebeu o apartamento, nem nunca morou ou utilizou. Em documentos
apresentou que em 2005 ele e Dona Marisa haviam financiado um apartamento no
prédio, quando o mesmo pertencia a Bancoop.
A empresa passou por problemas financeiros e foi incorporado
pela OAS, que fez alterações no projeto, mas Dona Marisa decidiu desistir do
apartamento e encerrar o contrato isso tudo ainda em 2009, muitos anos antes do
processo.
E além de não conseguir indicar como Lula havia recebido o
Triplex, Moro também não conseguiu apontar como isso tudo estava ligado a
Petrobras. Afinal, a única forma do processo ficar em Curitiba seria se
realmente fosse ligado a Lava Jato e, portanto, fosse fruto de corrupção na
Petrobras.
Prisão
De qualquer forma, Moro decretou a prisão de Lula em 7 de
abril de 2018, quando era líder das pesquisas e tudo isso seis meses antes da
eleição, que deu a vitória para Bolsonaro, a quem Moro depois seria ministro.
Lula Livre
Desde então Lula entrava com recursos por sua liberdade, o
que só foi ocorrer depois de 580 dias, em 8 de novembro 2019.
E a liberdade só ocorreu através de um julgamento que os advogados
de Lula já tentavam desde 2018, que era sobre a possibilidade da prisão após a
condenação da segunda instância ou não.
Só que somente em 8 de novembro de 2019, que o STF entendeu
que a Constituição não permite que você seja preso enquanto tenha recursos.
Isso claro sem considerar crimes graves com assassinatos ou prisões preventivas
quando existe risco de fuga ou pode colocar alguém em risco.
Neste caso, Lula estava livre, mas ainda condenado e corria
risco de voltar para a prisão. Porém, em março de 2021 vem mais uma mudança no
caso. Novamente com um alguns anos de atraso, o STF determina a anulação das
condenações de Lula na Lava Jato apontando que a Vara de Curitiba não tinha
competência para julgar os casos do Triplex de Guarujá, pois não tinha ligação
com a Petrobras.
E em junho de 2021, outra reviravolta. Isso porque o STF
considerou Moro parcial no caso. Com base no que saiu no Vaza Jato com o
vazamento de conversas do celular do ex-juiz, o Supremo viu que Moro havia
atuado em conluio com o Ministério Público, algo ilegal. Assim como também
grampeou de forma ilegal o escritório de advogacia que cuidava do caso de Lula
e também uma condução coercitiva mídiatica, quando o ex-Presidente sequer havia
sido intimado a depor.
Tudo isso fez com que o Supremo entendesse que Moro conduziu
o caso não com base em provas, mas já com a intenção de condenar Lula, que com
isso não teve um julgamento imparcial e por isso todo o caso foi anulado.
As acusações então foram enviadas para a Vara de Brasília,
que seria responsável por então julgar as acusações feitas pelo Ministério
Público, que decidiu pelo arquivamento do processo.
Candidato 2022
Agora Lula está livre e novamente candidato a Presidência da
República e as pesquisas o colocam como favorito. Chegando próximo inclusive do
necessário para vencer no primeiro turno.
Mas e aí, o que você acha de Lula? Faz parte do grupo que
considera que ele fez um excelente governo ou que não o cogita de jeito nenhum
para a Presidência. Comenta aqui em baixo sobre isso.