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Dilma Rousseff / A trajetória da militante e Presidenta



Dilma Vana Rousseff nasceu em Belo Horizonte, em 1947 e teve uma criação de classe média alta. Só que aos 17 anos ela viu se instalar no Brasil uma Ditadura, que perseguia toda e qualquer oposição ao regime, que proibia qualquer reinvindicação trabalhista ou de qualquer outro direito. 

Por isso, ela decide entrar na Organização Política Operária, o Polop. Um grupo formado por estudantes, intelectuais e militares de baixa patente, que organizavam manifestações contra a ditadura. 
Por conta de divergências entre os membros, o grupo foi se dividindo e dando origem a outros. 

Dilma então foi para o Comando de Libertação Nacional, conhecido como Colina. E ao contrário das fake News que chegaram a ser criada, ela não pegou em armas, muito menos participou de assaltos ou algo do tipo. A atuação de Dilma era na agitação de massas, através dos movimentos estudantis e operários. 

Só que em janeiro de 1970, aos 22 anos, Dilma foi presa. Sofreu sessões de pau-de-arara, choques, socos e palmatória por 22 dias.

Ela ficou presa até 1972, quando se mudou para Porto Alegre. Lá ela estudou economia e voltou para a política no período da preparação da redemocratização, quando foi aprovado o pluripartidarismo. 

Dilma então participou da criação do PDT, filiando-se ao partido de Leonel Brizola e atuando como secretária de Energia nos mandatos de Alceu Collares e de Olívio Dutra, no governo gaúcho.

Em 2000, ela troca o PDT pelo PT e participou da campanha presidencial que levou Lula ao Planalto. Dilma, era peça importante na equipe responsável por formular plano de governo na área energética. 

Hoje talvez você não tenha a dimensão disso, mas na ocasião o Brasil sofria com a crise energética, tendo racionamento e apagão. Uma bomba que tinha que ser corrigida no novo Governo e entre as medidas, o PT conseguiu reduzir a dependência das hidrelétricas de 85% para 61%.

E Dilma foi peça importante, sendo Ministra de Minas e Energia no Governo de Lula. Além dela ter evitado um novo risco de apagão, ela fez parte do projeto Luz para Todos, que levou energia elétrica para muitas famílias que não tinham isso em casa. Ao longo de 12 anos, o programa atingiu 16 milhões de pessoas.

 Ela ficou no cargo por dois anos, até assumir como Ministra da Casa Civil. Neste novo posto, Dilma se destacou pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento, sendo chamada de Mãe do PAC. Um programa com mais de cem projetos de investimento prioritários em rodovias, hidrovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento e recursos hídricos.

Durante este período, Dilma enfrentou um câncer, se recuperou e foi escolhida pelo partido para disputar a Presidência em 2010, sendo eleita no segundo turno. 

E aí entra a grande polêmica. 

Para muitos, Dilma foi uma péssima Presidenta. 

E aqui não estou para dizer que Dilma teve uma gestão perfeita. Porém, ela teve muitos êxitos no Governo e a grande parte dos problemas só apareceram no segundo mandato e ocorreram mais por uma crise política do país, que foi a estruturação para o golpe de 2016 do que escolhas exatamente erradas. 
E isso dá para ser percebido nos números. Você provavelmente não lembra e isso é uma das provas da manipulação midiática que foi feito contra Dilma.

Isso porque em março de 2013, Dilma tinha 65% de aprovação. Trata-se da maior aprovação da história de um Presidente durante o primeiro mandato. 

E sabe quando a história começou a mudar? Em junho de 2013. 

Não foi por nenhum escândalo de corrupção, não foi por desemprego, nem inflação e nem nada. O país caminhava bem no mesmo ritmo até aí, quando misteriosamente começaram a surgiu manifestações pelo todo o Brasil. Inicialmente as reclamações eram contra os aumentos de passagens nas cidades, algo que era de responsabilidade das Prefeituras e não tinham nenhuma ligação com Dilma.

Um movimento no mínimo misterioso. Respeito quem esteve nas ruas em 2013, certamente muitos bem intencionados. Porém, é no mínimo de se questionar porquê as manifestações cresceram tanto naquele período por um aumento de passagem, que ocorria com valores similares todos os anos e continuam crescendo. Em alguns locais já se paga mais de R$ 7 em uma passagem de trem. 

O fato é que as manifestações de junho tiveram como único efeito abalar a popularidade do Governo de Dilma, que caiu em três meses de 65% de aprovação para 30%. 

E sabe o que havia ocorrido meses antes? Dilma havia cobrado os bancos.

Em setembro de 2012, Dilma havia feito o primeiro pronunciamento cobrando que os bancos diminuíssem os juros abusivos que cobravam no Brasil, muito superiores aos que são vistos pelo Mundo. Dilma alegava que havia reduzido a taxa Selic para os números mais baixos da história, o país vinha de anos de crescimento, estabilidade de emprego, valorização do salário entre outros fatores e, portanto, não tinha sentido juros tão altos. 

Ela seguiu batendo nesta tecla em 2013, até que após as manifestações teve que recuar, exatamente pela popularidade do Governo ter caído.

Coincidência ou não, nada do país melhorou a partir daí. Grupos que organizaram as manifestações foram saindo do armário e se assumindo como de extrema-direita e muitos estiveram alinhados ao Bolsonarismo em 2018. 

Já Dilma, passou a fazer um Governo de contenção de danos. Ainda assim, em dezembro de 2014 ela conseguiu conduzir o Brasil a menor taxa de desemprego da história, de 4,3%. 

Mas em 2015, a situação fica ainda pior. O PSDB protestou alegando fraude nas eleições e diversos grupos ligados ao partido passaram a pressionar e organizar manifestações contra um Governo, que acabava de ser eleito. Era uma forma de forçar a qualquer custo de implementar um Governo Neoliberal, que havia sido rejeitado nas urnas. 

Para ter um mínimo de governabilidade, Dilma teve que ceder e escolheu Joaquim Levy para Ministro da Fazenda. Era um nome que apresentava projetos ligados ao interesses desses grupos de direitas, como cortes de investimentos, mas que não atacavam os programas sociais. Porém, não foi o suficiente. Como a popularidade do Governo abalada, o Congresso se via mais forte e lançavam pautas-bombas, que aumentavam gastos e reduziam receitas, impediam as votações de projetos cruciais para estabilidade econômica do país e até o orçamento demorou mais de três meses para ser votado. Foi a estratégia do “quanto pior, melhor” promovida pelos deputados. Ou seja, basicamente, em 2015, vimos por pressão do Congresso um Governo de cortes, alinhados a direita, que foi aprofundado depois por Temer. 
Ou seja, em linhas práticas, Dilma basicamente não teve um segundo mandato, embora tenha ficado 16 meses no poder. A missão era basicamente desamarrar bombas, evitando prejuízos maiores, que vimos depois nas Reformas e cortes de programas promoviods por Temer e Bolsonaro. e a única forma de evitar a queda seria cedendo e distribuindo dinheiro para os deputados, como com orçamentos secretas, emendas e etc, coisas que Bolsonaro tem feito há uns 2 anos para se sustentar no cargo. 

Porém, Dilma, foi no caminho oposto. Primeiro porque não estava disposta a sujar sua história e segundo por perceber que se continuasse cedendo seria um caminho sem volta. Seria um Governo de Direita, danoso para a população e com o PT apenas levando a má-fama. 

Com isso, em vez de topar isso, Dilma decidiu pelo enfrentamento. O primeiro passo foi liberar os deputados do PT a votar contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética em dezembro de 2015. Na ocasião, o deputado do PMDB corria risco de cassação por corrupção. O contra-ataque de Cunha foi abrir o processo de impeachment contra Dilma exatamente no mesmo dia. Ou seja, nem disfarçou que era uma medida revanchista. Aliás é emblematico que um processo de impeachment contra Dilma tenha sido liderado por um deputado condenado por corrupção.

E mais emblemático ainda por um crime que não cometeu. A Perícia constatou que Dilma não participou das tais pedaladas fiscais. 

Aliás, vale destacar que em nenhuma parte do processo de impeachment havia qualquer acusação de corrupção ou favorecimento por parte de Dilma.

As pedaladas fiscais, nada mais do que repasse do pagamento dos projetos aos bancos públicos. 
Por conta disso tudo, Dilma não cedeu nenhum milímetro no confronto contra um Congresso recheado de corruptos e sanguessugas. Fez uma defesa por mais de 14 horas no Senado, respondendo todos os questionamentos do interrogatório e proporcionando cenas marcantes, quando na fala de defesa chamou Aécio de Candidato derrotado que não aceitou a derrota.

Aliás, esse momento mostra outro sinal da manipulação midiática. Isso porque diversas emissoras transmitiram ao vivo a votação de impeachment, durante o dia todo, apenas mostrando deputados falando coisas sem sentido ou ligação com a acusação. Já a defesa de Dilma foi escondida das transmissões. 

Por tudo isso, Dilma obviamente sabia que todo o processo não tinha mais volta. Aliás, em seu pronunciamento de despedida do cargo de Presidenta ela fez questão de deixar claro que o golpe não era contra ela, mas a política de inclusão que havia sido iniciada com Lula, mas continuado com ela. 

Entre muitos acertos do Governo Dilma, podemos destacar a valorização do salário mínimo, que em cinco anos saltou de R$ 510,00 para R$ 888,00. Algo que gerou maior poder de consumo das famílias, como o acesso a internet nos domicílios, que saltou de 36% para 61%. Sim, você talvez não saiba ou não se lembre, mas seu primeiro plano de banda larga em casa provavelmente veio no primeiro mandato de Dilma.

Foi durante o Governo dela também que o Brasil pela primeira vez deixou o Mapa Mundial da Fome. Foi com o Minha Casa Minha Vida que 2 milhões de moradias foram entregues para a população de baixa-renda, que ocorreram a expansão do acesso aos brasileiros nas universidades, as vagas de mestrado, de doutrado, ao intercâmbio no exterior com o Ciência sem Fronteiras. 

Foi Dilma que propôs que os recursos do Pré-Sal fossem destinados a Educação, o que faria com que só receita já possibilitasse dobrar o orçamento da pasta. Mas que infelizmente depois foi cortado no Governo Temer. 

Foi com Dilma que o país teve 8 milhões de vagas no Ensino Técnico. Que tivemos o Mais Médicos, que reuniu 15 mil profissionais levando profissionais para 3.785 municípios, alguns dele que nunca tinham visto médico antes. Além de expandir a oferta de cursos de graduação em Medicina através deste mesmo projeto.

Isso sem contar que durante todo o primeiro mandato Dilma conduziu o país com uma taxa de desemprego inferior a 7%.

Portanto, como disse antes, não trata-se de perfeição, mas Dilma teve certamente muito mais êxitos do que aerros e só não teve mais por toda a conspiração que ocorreu e que foi responsável por trazer o país para o fundo do poço que estamos hoje.  

A história de Dilma Roussef