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A história do Samba: Cultura e resistência

O termo Samba foi usado pela primeira vez no século 19. Era uma forma de se referir a vários ritmos trazidos pelos africanos. No Brasil, os primeiros relatos se dão a uma origem na Bahia, mas com a transferência de escravizados para as plantações de café no Rio de Janeiro, ele acabou migrando e passando a ser visto mais como um ritmo carioca. Isso aconteceu principalmente porque no Rio de Janeiro ele foi ganhando mais instrumentos e também um estilo próprio. A partir do século XX, o samba passa a se desenvolver ainda mais através das rodas de danças puxadas por um ritmo musical obtido por meio de batuques.



Uma das variantes desta roda foi o samba de roda, que reunia africanos escravizados para a prática da capoeira e outras danças. O samba de roda tinha também uma ligação com as práticas rituais de culto aos orixás. E o samba se populariza no Rio de Janeiro porque na metade do século XIX, 50% da população do Rio de Janeiro era formada por negros escravizados. Só para se ter uma dimensão, em São Paulo os negros eram escravizados eram apenas 8%. Isso fez com que a cidade do Rio de Janeiro passasse a ter uma cultura afrodescendente e após a abolição da escravidão, passasse também a reunir negros de outros Estados, por buscarem valores e hábitos familiares a sua história.
Desta forma, em 1890, havia mais de meio milhão de habitantes no Rio de Janeiro, sendo que apenas metade era natural da cidade. Esta população negra passa a morar especialmente nos bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo. Esta concentração nesses bairros fez com que a região fosse chamada de “Pequena África”. No entanto, o Prefeito Pereira Passos e o Presidente Rodrigues Alves decidem fazer reformas urbanísticas na cidade. O argumento era de que era preciso “civilizar” a capital federal, abandonando as características coloniais e o saneamento precário. Porém, era também uma pressão da elite do Estado para afastar esta população negra da porta de entrada do Rio de janeiro, na área portuária. Principalmente porque as reformas foram feitas abrindo grandes avenidas, destruindo cortiços mesmo com a falta de moradia decente para a população recorrer. Portanto, a chamada modernização caminhava junto com a exclusão social e retirando os traços de africanidade do centro da cidade e empurrando para as favelas e subúrbios. Desta forma, os negros saem dessa área mais próxima da área portuária e sobe o que hoje é avenida Presidente Vargas, se estabelecendo na Cidade Nova, Estácio e Praça Onze. Posteriormente também sobem os morros e também vão em direção a zona norte. Inclusive aí está uma confusão que normalmente é feita. O samba ao contrário do que pensam, não nasce no morro. Ele nasce no asfalto e vai para o morro sendo expulso por uma política eugenista. E nesse asfalto, o principal palco foram as casas das tias baianas, especialmente da Tia Ciata. Isso porque nas primeiras décadas do século XX, as principais festividades realizadas pelos negros, como a Capoeira e o Samba, eram proibidos e perseguidos pelas autoridades. Uma manifestação clara de racismo da sociedade, que tentava apagar de toda maneira qualquer traço da cultura dos afro-brasileiros. Como não podiam fazer suas festas em espaços abertos, eles faziam as rodas em terreiros, que ampliava ainda mais seu vínculo ao culto aos orixás. Foi na casa de Tia Ciata, que foi produzido o “Pelo Telefone”, dos sambistas como Donga e Mauro de Almeida no ano de 1916 e que é o primeiro samba brasileiro. Daí em diante, o samba conquista importantes aliados, vence preconceitos e se populariza cada vez mais no país.




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